Definitivamente, não é um diário


Por Adriana Bernardes

Duas semanas de dedos mudos, monossilábicos, no máximo.


"Meu amor.....
Você, é mais do que sei, 
é mais que pensei, 
mais que eu esperava, baby..."

Taça vazia, 
pão quentinho, recheio picante, 
live na TV. Meus dedos tagarelam sem parar



"..vou morrer de saudade, vou morrer de saudade...
não, não vai embora....."


Orquídea lilás logo ali, a branca acolá, 
silêncio na cidade e 
cá dentro? Bem, cá dentro o peito grita, a cabeça gira.
Sim, eu disse que este era um diário. Mas depois disse que não era. 

"...eu amo você, menina, eu amo vocêêê......
Eu juro...juro que amo"

Os dedos tagarelam sem parar. 
O bom senso, 
quem, bom senso? Dobrou a esquina logo ali, 
virou fumaça.

"...já senti saudade
Já fiz muita coisa errada
Já dormi na rua
Já pedi ajuda
Mas lendo atingi o bom senso
Mas lendo atingi o bom senso
A imunização
Racional..."

O que, imunização? Gripe, gripezinha, coronavírus? 
Não!!!
Não estraga a noite, vai! Me recuso a lembrar de ti! 

Bora fugir pra lá, onde tem mar, noite e luar?




Cá dentro, o peito explode, 
a vida grita, silencia, se aborrece, renasce...

Cheiro, cafuné, tédio, amor, esperança, tédio de novo, serenidade, desesperança, fé, saudade, ansiedade, choro, gargalhada, rio sereno e mar revolto. Tudo junto, como o esquentadinho a minha infância. 

Tin-tin!  

Aqui, 
tem 
VIDA!

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